Ana Raspini é viajante, além de professora de Inglês, e escritora.

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Brasileira, professora de Inglês, escritora, mas acima de tudo, viajante.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Confissões de uma Viajante Compulsiva



Minha mochila senta a meu lado
e um sentimento de não-pertencer
parece envolver nós duas.
Esperar não é uma arte,
Bishop concordaria.
E nós esperamos,
por férias que parecem tão distantes,
por bônus que permitirão que essas viagens aconteçam,
pela benevolência dos chefes,
por tempo bom, cama macia, comida reconfortante.
Os espaços entre as viagens
não contêm a vida em sua plenitude.
Eles são um tipo de limbo
separando você e o que virá.
Eu observo os passantes.
Eles parecem ter tudo planejado:
Um destino
e força para chegar lá.

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

DRESDEN

A Alemanha é, pra mim, um amor de muitos anos. Daqueles amores sólidos, que se constroem com tempo e observação. Foi difícil escolher uma cidade da Alemanha por onde começar, e possivelmente eu cometa uma ou outra injustiça, mas vou tentar... Já aviso que este texto é mais longo que os outros, mas entendam que este é o meu lar longe de casa.

Eu voltaria a visitar todas as cidades por onde passei na vida, seja para matar a saudade, seja para mudar a perspectiva. Dresden é a primeira cidade que menciono aqui a qual eu, de fato, voltei.

Em Dresden, eu vi neve européia pela primeira vez, muito diferente da neve gaúcha que permeou minha infância. E depois de testemunhar que cada floco de neve tem mesmo uma forma única, assim como as pessoas, coloquei a língua para fora e tentei engolir alguns flocos.

Dresden sofreu muito no passado: guerras, bombardeios, genocídio... Mas foi lindamente reconstruída e nem aparenta ter o passado cruel que teve. Dresden fica onde costumava ser a chamada Alemanha Oriental, que era socialista. Mas ela não se parece com a maioria das outras cidades da Alemanha Oriental. Dresden carrega em si todas as características das grandes cidades históricas européias: Catedrais Barrocas, prédios históricos, monumentos...

Dresden é organizada a ponto de parecer uma cidade pequena, e não a metrópole que é. A limpeza das ruas e pontualidade do transporte público são, aliás, traços que os alemães conhecem bem.

A comida alemã é farta e agrada, principalmente, aos carnívoros. Poucos preparam carne de porco melhor que os alemães. Por toda a Alemanha você comerá bem, e muito, pagando pouco. Cada refeição é um acalento para o turista cansado, um agrado para o coração que tem saudades de casa.

A cerveja alemã é como a música: centenas de tipos diferentes, para que qualquer pessoa tenha a sua preferida. Esqueça sua experiência brasileira com cervejas: Elas são tão boas que você nem vai notar que não estão geladíssimas. E assim como os franceses se permitem excentricidades com seu vinho, os alemães também as têm. Deixe seu pudor em casa! Cerveja pilsen com Sprite chama Radler, e cai muito bem num dia de calor. Cerveja de trigo com suco de banana é muito melhor do que parece!

E falando em pudor, não se assuste ao saber que na Alemanha Oriental é comum ir à sauna nu.


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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

PARIS

Cheguei em Paris sem expectativas: já havia aprendido a não carregar expectativas na mala, pesam demais.

Os monumentos são incontáveis, porém, não se iluda achando que eles estão tão próximos quanto parecem. Eles são tão imponentes que parecem estar a 10 metros, quando, de fato, estão a 5 quilômetros. Mas nenhum monumento estará livre de filas, ou do cheiro de urina.

Cuidado com os carros, e com os ouvidos. Franceses parecem procurar a buzina do carro antes mesmo do cinto de segurança. Os ruídos são muitos, vozes, risos, talheres...

A comida é uma revelação. Não é necessário nem procurar muito, é possível encontrar comida boa em quase qualquer lugar, até os menos atrativos. Mas dê preferência aos restaurantes que têm uma lojinha na frente, por incrível que pareça.

Se a comida é uma tentação, os vinhos são os centímetros que faltavam para sua total ruína. Cubos de gelo em taças de rosé? Esqueça, não me atrevi a questionar. Acho que quem produz o melhor vinho rosé (e branco!) do mundo tem direito a algumas excentricidades.

Mas nada se compara, nem se comparará, ao nó que dá na garganta quando você vê aquela arte que admira desde criança ao vivo na sua frente. Seja Rodin, num beijo, seja Monet, num lago.

A Torre? É linda, sim. Mas nem tão onipresente quanto se pensa. Mesmo assim, é reconfortante virar a esquina e vê-la iluminada, saltando entre os prédios. É bom saber que ela está lá.

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Fotos de Meiry Peruchi

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