Ana Raspini é viajante, além de professora de Inglês, e escritora.

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Brasileira, professora de Inglês, escritora, mas acima de tudo, viajante.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Aquele que Ficou pra Trás

Tenho certeza que você já ouviu falar de uma síndrome que acomete o turista que é caracterizada pela vontade de adicionar um milhão de destinos a uma pequena viagem. Você olha para o mapa e vê tantas coisas interessantes próximas à sua rota que você decide adicionar CADA UMA DELAS ao seu itinerário. O problema é que você é dependente do tempo, e a noção de tempo que você tem em mente é muito diferente do tempo da vida real. A Camila e o Marcos, do Embarque Autorizado, chamaram essa síndrome do curioso termo "síndrome-cupim".

O tempo voa e você luta para manter o roteiro como planejado, mas isso só serve para visitar os lugares rapidamente, ou seja, superficialmente. Ou isso, ou pior: você acaba desistindo daquele destino no meio da viagem. E a gente SEMPRE se arrepende disso depois...

Eu aprendi isso da pior maneira possível: desistindo de Giverny na viagem a Paris por falta de tempo, desistindo de Colonia del Sacramento numa viagem a Montevidéu pela mesma razão... E agora eu tenho que viver com a dúvida de me perguntar se eu, um dia, terei tempo para visitar esses lugares de novo e recuperar o que perdi...

No entanto, talvez pior do que desistir de um destino já em trânsito, seja descobrir a existência de um lugar incrível bem próximo ao seu roteiro DEPOIS que você volta pra casa.

Sim, isso já aconteceu comigo mais de uma vez, e essa confirmação repentina sempre me dá uma sensação de estupidez! Se eu pesquisei sobre aquele lugar por meses, como eu deixei aquele destino sensacional escapar?!

Deixe-me mencionar o exemplo mais recente. Planejamos uma viagem para a Itália por mais de um ano (!) com amigos e achávamos que tínhamos um grande itinerário em nossas mãos: alguns dias em Roma, ver a Toscana com calma, terminar a viagem em Veneza e Verona. A viagem foi incrível, claro! É muito bom visitar um lugar com o qual você sonhou a vida inteira! Entretanto, um mês depois de voltar da Itália, pus meus olhos em fotos que mostravam as ruínas de uma igreja, a abadia de San Galgano, e pesquisando sobre ela no Google Maps descobri que as ruínas ficam a 25 quilômetros de Siena, onde ficamos por três dias!

Eu tenho uma fascinação por ruínas e, não sei bem explicar, especialmente ruínas que ainda têm paredes, porém não têm mais o teto. Como se o céu fosse a única coisa que devêssemos ter sobre nossas cabeças. As Termas de Caracala, em Roma, por exemplo, foram tão assombrosamente lindas para mim que eu ainda suspiro pensando nelas hoje. Lisboa também tem algo familiar, que eu também deixei pra trás: o Convento do Carmo. O Convento do Carmo são as ruínas de um convento sem teto no coração da capital portuguesa. Na época, decidimos deixar para ver o convento no nosso último dia na cidade, mas nosso último dia em Lisboa era o dia 24 de dezembro. O que nós não sabíamos é que, em Portugal, não apenas o dia 25 de dezembro é feriado, mas o 24 também! Quando chegamos lá o local estava fechado e eu quase chorei.

Fico realmente triste quando descubro tesouros escondidos logo depois de voltar de um lugar. Claro que eu tento ver isso de maneira positiva, que se um dia eu voltar lá terei algo novo e incrível para ver. Mas eu não viajo em tempo integral como algumas blogueiras, e me assusta um pouco pensar que talvez eu nunca tenha a chance de voltar para reaver o que perdi...

Você já passou por isso? Me conte sua história e como você se sente quando isso acontece?




Fonte: www.sangalgano.it

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Convento_do_Carmo_(Lisboa)

2 comentários:

  1. Quando estive em Lisboa, no ano passado, não entrei no Convento do Carmo (estava em reforma, mas aberto) e não entrei no Mosteiro dos Jerônimos. Eu me arrependo particularmente de não ter visto este último. Sei que vou voltar lá e terei a chance de conhecê-lo, mas me arrependo de não ter ido. A viagem não foi exatamente a turismo. Visitei minha irmã, que mora perto de Lisboa (fui para conhecer minha sobrinha que tinha nascido dois meses antes), e sei que voltarei lá mais vezes, mas deveria ter entrado.

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  2. Incrível pensar no tamanho do arrependimento que, na época, significou uma decisão tomada em segundos, né? O Mosteiro é lindo, e estão lá os restos mortais de Fernando Pessoa. Se um dia voltares a Lisboa, veja o Mosteiro e me mande uma foto do Convento! ;)

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