Ana Raspini é viajante, além de professora de Inglês, e escritora.

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Brasileira, professora de Inglês, escritora, mas acima de tudo, viajante.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Rep. Dominicana: Praias, Policiais e Parasitas (não necessariamente nesta ordem)

Foram necessários alguns meses para que eu conseguisse escrever sobre o que passei na República Dominicana. E assim como testemunhos maravilhosos de amigos que haviam visitado o país me fizeram, de certa forma, "baixar a guarda" e pagar um alto preço por isso, eu não quero que minha experiência ruim faça alguém desistir de visitar esse país. Apenas vá preparado.

Ainda tenho sentimentos conflitantes sobre a experiência...

Havíamos sido alertados sobre o "hábito" dos policiais dominicanos em pedir "propina" aos turistas. Porém, o conselho que tirei dessas informações foi a precaução de deixar na carteira apenas uma parte do dinheiro que tínhamos, e esconder o resto (em diferentes lugares, caso fosse necessário mostrar mais).

O problema é que imaginávamos policiais que, sabendo da ilegalidade do que pediam, o fizessem calmamente, na sordina. Mas não. Após pegar o carro alugado no aeroporto, nos primeiros metros que dirigimos no centro de Santo Domingo, já fomos parados por um policial. Este meliante disse que havíamos passado um sinal vermelho (num local onde nem semáforo havia), e exigiu o passaporte e carteira de motorista do meu esposo, que dirigia o carro. E foi então que o pesadelo começou. Com os doocumentos em mãos, ele começou a nos torturar. Ele gritava, fazia ameaças de que teríamos que ir à delegacia, pagar uma multa altíssima e talvez fôssemos presos. Disse ainda que precisaríamos contratar um advogado especializado em estrangeiros. Ele estava tão agressivo, que nós, de fato, acreditamos que poderíamos ser presos. Dissemos a  ele que iriamos à delegacia. Mas então tudo ficou ainda mais estranho. Ele deixou o colega dele com a viatura, e estrou no nosso carro para nos levar à delegacia! Minha mãe estava no banco de trás e temeu pela sua integridade física, por havia um homem estranho ao seu lado.

Ele nos mandou dirigir por uma rua, e fomos. A rua era mais calma, e foi então que ele começou a negociar. Para nos assustar, disse que além do advogado, teriamos que fazer um curso, que levaria um dia todo, sobre como dirigir no país. Por favor, imaginem que a Republica Dominicana tem o transito da Índia, apenas com um pouco menos motocicletas. Foi então que ele disse o valor da multa: 17 mil pesos. Isso dá 360 dólares! Dissemos que não poderíamos pagar e que conversaríamos com o delegado sobre isso. A cada esquina "a caminho da delegacia" ele dava novas informações, sobre quanto perderiamos com o curso e o advogado. Quando ele disse que poderia receber uma quantia inferior à multa mencionada antes, foi que entendemos que estávamos sendo extorquidos, porém, por um profissional. Chegamos a um valor abaixo da multa, mas ainda bem salgado. Como eu havia tirado um pouco de dinheiro da minha carteira, e o resto estava escondido nas malas, precisei pedir a minha mãe que me desse dinheiro. Quando ele viu mais dinheiro na carteira dela, quis mais. Eu gritei com ele e disse que se pegasse tudo, não teriamos o que comer. Foi então que ele, de mal grado, pegou os 150 dolares (que fique claro que isso era 1/4 do que tíanhmos para toda a viagem), jogou os documentos do meu esposo no colo dele e saiu do carro.

Ao chegar no hotel e contar nossa história ao recepcionista, ele disse que o procedimento nesses casos é fazer um video ou foto do criminoso e ameaçar enviar por twitter ao chefe de polícia do país. Para nós já era tarde, mas talvez pra você não seja.

Eu nunca havia temido pela minha integridade física antes, nem no meu próprio país, nem em outro. E naquela viagem eu me sentia responsável pela integridade da minha mãe também. Era a primeira vez que ela saia do país. Foi um medo que me faz limitar para quais países eu viajo hoje em dia.

As praias? São realmente lindas, mas eles permitem que cães passeiem por elas. E foi assim que voltei pro Brasil com um trauma e um parasita no pé. Cães na praia transmitem parasitas como o Bicho Geográfico. O tratamento não foi legal.